O CAMINHO DA TERRA DE MARIA CARDOSO
Não!
– não importava quanto chão de terra batida ainda restava para
que os primeiros casarios do Bichinho surgissem...
O
estradão com seus calhaus, mata-burros, porteiras e cercas de arame farpado, alimentava
nosso corpo e nosso espírito, atenuando a fome e o cansaço...
Seu
desenho serpenteado, ladeado pelos tapetes esverdeados de seus montes enchia-nos
os olhos de satisfação...
Em
seu derredor a imponente Serra de São José parecia abraçar todo aquele relicário, espocando
um verde escuro aqui, outro mais claro ali e um quase amarelado lá na frente... Que
maravilha era a estrada que nos conduzia à terra de Maria Cardoso...
Ipês
roxos, amarelo, rosa e branco; flamboyants vermelhos, quaresmeiras... as
touceiras de bambus a se postarem em reverência pela nossa passagem e o gorjear do sabiá-laranjeira a querer sobrepor o de tantos outros amigos
alados:
Pica-paus,
pássaros-pretos, tico-ticos, canarinhos,
coleirinhas, sanhaços e
pintassilgos...
Ahhh
como era prazeroso caminhar por aquelas vielas bucólicas do coração das matas e entrecruzarmos com seus operários – caipiras natos – seres de vivência humilde... Homens
e mulheres cuja simplicidade não lhes tirava, de forma alguma, a sabedoria de
vida.
Sobre
os leitos de regatos cristalinos, em inextricáveis galhadas múltiplas, os
arvoredos e água se transubstanciavam em criaturas una, num
cântico de louvor à vida em abundância...
Quando
todas essas belezas iam ficando para trás outras
belezas iam assumindo o espaço de nossas visões. O
Bichinho começava a se apresentar a nós com
toda a sua magia:
galos, patos, porcos e perus; cães e cavalos; bois e seus
carros...
Pessoas
e animais a conviverem em uma liberdade jamais vista em outros arrabaldes...
A
parada era a casa de Tia Emília e Tio Nivaldo...
Enquanto
Tia Emília corria ao forno à lenha que ficava no quintal a fim de assar os pães de queijo, biscoitos de polvilho e broas de fubá - broa com o fubá de moinho d’água e coalhada
de leite puro, das vacas do curral, Tio
Nivaldo trazia da VENDA que possuía o vinho tinto e o queijo minas e do quintal vinha com a melhor galinha para o
preparo do “frango ao molho pardo”...
Sim!
– agora importava quanto chão de terra batida ainda restava para
que os primeiros casarios do Bichinho fossem se definhando ao longe... O
estradão com seus calhaus, mata-burros, porteiras e cercas de arame farpado ia
levantando uma cortina de poeira, fechando mais um ato feliz de nossas vidas...
FERNANBAS – Outono de 2014
Caro Fernanbas, os passeios, as férias passadas no "Bichinho" deixaram boas lembranças e marcas indeléveis em nossos corações...
ResponderExcluirHÁ UM "BICHINHO" NO MEU CORAÇÃO
by ACS
O bichinho dentro do meu coração
é um bichinho suave que faz ruir
aquela lona abstrata de proteção,
inventada para não deixar fluir
as peripécias de minha tenra idade,
e que ainda irrompem sob cada unha;
logrando-me momentos de felicidade
ainda maiores dos que eu supunha...
Abraço...