DE NOVO A SAUDADE

DE NOVO A SAUDADE

De novo o cheiro de mato orvalhado

E o gosto da gabiroba verde;

Da água que mina das minas de fonte cristalina,

Que revigora a vida e deixa o ser, de novo, extasiado...

Do passaredo a tomar o céu azul

Na frenética dança da liberdade do voo;

Dos caminhos de chão batido a construírem o estradão

Com mata-burros e porteiras, poeira e paul...

Ahhh que saudades do Bichinho!...

De Maria Cardoso se sentindo em casa

E de Degão, uma majestade;

De Tia Emília e Tio Nilvado a todos nós dando asa

Em mesa de almoço com frango ao molho pardo

E vinho tinto afogueando a face, já roseada, de meu pai – um felizardo!

Do latido do Boneco correndo em nossa direção,

Reprovando a chegada de nhô Lau e Zé Curisco

A sujarem, com cuspidas e lama, o chão de vermelhão...

Matutos, sempre apeavam de seus cavalos

Pra mode de mordiscarem sarchiças de porco

E embucharem quentíssimos rabos de galos...

  

Quero de novo os montes e as cascatas;

Os rios e as matas – a alma e o espírito;

Sentir-me Inconfidente e ecoar o mesmo grito

Que ainda povoa as Estradas Reais, seus rios e matas...

Rememoro o choro plangente da Maria-Fumaça,

Ao se reabastecer na Estação da Caixa D’Água da Boa Esperança,

Anunciando que a gritaria era só pra anunciar, com pirraça,

Que o Gritador já havia chegado com segurança...

De novo o cheiro de mato orvalhado

E o gosto da gabiroba verde;

Da água que mina das minas de fonte cristalina,

Que revigora a vida e deixa o ser, de novo, extasiado...

Do passaredo a tomar o céu azul

Na frenética dança da liberdade do voo;

Dos caminhos de chão batido a construírem o estradão

Com mata-burros e porteiras, poeira e paul...

Ahhh que saudades do Bichinho!...

FERNANBAS

FEVEREIRO - VERÃO 2013