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terça-feira, 29 de novembro de 2011

A PRECE CAIPIRA




Esta PRECE CAIPIRA que posto abaixo foi enviada a mim pela Maria Angélica - companheira da Caixa Federal da Bahia. Não postei o autor porque não veio com o seu nome. Mas achei digna de vir para este meu Blog O Bucólico Bichinho. Lá pelas bandas desta terra querida de Maria Cardoso, figuras como a da fotografia ao lado era (e ainda se vê muito) o que a gente mais contatava. Exemplo disto que falo e ainda vou escrever algo a respeito são figuras imortais em minha mente como TIO NIVALDO e TIA EMÍLIA, ZINHO, TIA DONDA, "GORDO"(irmão do Tio Nivaldo), ZILITA e outros mais que construiram a história do Bichinho e ajudaram a levar seu nome muito além daquelas cercanias.

FERNANBAS    




A PRECE CAIPIRA

Ói Deus,

Nóis tá sempre pedino as coisa pro Sinhô.
Nóis pede dinhero,
Nóis pede trabaio
Nóis pede pra chovê
E se chove demais
Nóis pede pra pará
Mode a coiêta num afetá.
Nóis pede amô,
Nóis pede pra casá
Pede casa pra morá
Nóis pede saúde
Nóis pede proteção
Nóis pede paiz,
Nóis pede pra dislindá os nó
Quando as coisa cumprica
Mode a vida corrê mió.
Quano a coisa aperta nóis reza
Pedino tudo qui farta
É uma pidição sem fim
E quano as coisa dá certo,
Nóis vai na igreja mais perto
E no pé de argum santo
Que seja di devoção
Nóis deixa sempre uns merréis
E lá no cofre da frente
Nóis coloca mais uns tostão
Mais hoje Meu Sinhô
Bateu uma coisa isquisita
E eu me puis a matutá
Nóis pede, pede e pede...
Mais nóis nunca pregunta
Comé que o Sinhô tá!
Se tá triste ou tá contente
Se percisa darguma coisa
Que a gente possa ajudá
E por esse isquecimento
O sinhô tem que nos adiscurpá.
Ói Deus, nóis sempre pensa
Que o Sinhô num percisa de nada
Mas tarvez num seja assim
Tarvez o Sinhô percisa de mim
Sim, o Sinhô percisa, sim
Percisa da minha bondade
Percisa da minha alegria
Percisa da minha caridade
No trato c’os meus irmão.
Nóis semo seu espêio,
Nóis semo a Sua Criação...
Nóis num pode fazê feio
Nem ficá fazendo rodeio
Nem desapontá o Sinhô
Nem amargá o seu sonho
Que foi um sonho de amô
Quando essa terra todinha criô.
Ói Deus, eu prometo
Vo rezá de ôtro jeito
Vo pará com a pedição
E trocá milagre por tostão
Tarvez eu inté peça uma graça
Mas antis vo vê direitinho
O que é que andei fazendo de bão.
E se nada de bão eu incontrá
Munto vo me invergonhá
E ainda vo pedi perdão...

3 comentários:

  1. "Bem-aventurados os humildes de espírito, porque deles é o reino dos céus." (Mateus 5.3).

    Fernanbas é muito rica essa composição, eu gostei muito!

    A poesia é antes de tudo um sentimento buscando palavras.

    Vejamos outro exemplo do mesmo gênero:

    “Sentimento caipira”

    “Ainda ontem enquanto eu coava o café
    ouvi na janela o canto dos passarinhos
    e agradeci ao Senhor Deus da minha fé
    a certeza de que a paz é único caminho

    As flores dando cores ao pequeno jardim
    os cachorros correndo pelo terreiro afora
    a cantoria declamando poesia para mim
    libertando esta saudade que já não chora

    A Natureza neste dia que agora amanhece
    O beijo do meu amor com sabor de prece
    a viagem no sonho que nunca se esquece

    Sonho do simples que faz tudo acontecer,
    enquanto escuto o pássaro e ainda rindo
    batizo o meu café com o nome de Prazer. “


    Published June 4, 2010 | By Graca Ribeiro

    Publicada no Pspcyber poesias sob o registro nº 62de7e9d

    http://www.pspcyber.com.br/poesias

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    Concluindo, eu gostaria de acrescentar um axioma sugestivo de Keats:
    “Acho que a poesia deve surpreender por um belo excesso e não pela Singularidade – deve atingir o Leitor como a formulação de seus mais elevados pensamentos e parecer quase uma lembrança...” De fato, concluía, “se a Poesia não surgir tão naturalmente quanto as Folhas em uma árvore, é melhor que nunca apareça mesmo”.
    John Keats – nascimento 31 de outubro de 1795 (Londres, Inglaterra). Morte 23 de fevereiro de 1821 (Roma, Itália)

    Obs. : é dele (John Keats) também: “Ode to a Nightingale” “Ode a um Rouxinol” - manuscrito não publicado e datado em 1819.


    Abraco,
    Madamadam

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  2. Espetacular colaboração MadamadaM. Linda poesia. Lindo texto/axioma de Keats... que pensamento sobre a POESIA! - que pensamento... Fez-me lembrar outro personagem - Mr. Keating - o professor de Literatura em SOCIEDADE DOS POETAS MORTOS, personificado pelo maravilhoso Robin Willians. Naquele filme ele motivava sua turma - encabrestada por paradigmas lógicos no laborar de poesias - a se soltarem, a deixarem fluir suas sensibilidades, a deixarem vir à tona o que todos têm dentro de suas almas. E - mais; deu-lhes de bom grado o grande segredo do CARPE DIEM.

    abs Ternos - Fraternos & Eternos,
    Fernanbas

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  3. Caro Fernanbas,
    achei pertinente voltar e acrescentar:

    Dica pra quem gosta de Cinema Cult:

    'Poesia', o filme sul-coreano premiado no Festival de Cannes em 2010.
    É um filme belo e contemplativo.
    Serve à poesia e ao cinema e por isso é belo e contemplativo.
    Quem não viu fique atento pra ver esse filme.

    Copei essas três poesias declamadas no “Sarau da Poesia” desse filme:

    “Escrever poesia
    é lembrar das mãos de minha mãe,
    com seus dedos inchados, lavando arroz na aurora
    fria do solstício de inverno...”;

    É acordar sozinha chorando na calada da noite;

    É construir uma sólida pedra fundamental e sobre
    ela erguer um pilar no seu coração partido;

    É acalmar as esquadrias da janela nua que sacodem
    a noite toda com a força do vento;

    É esvaziar totalmente, sem nenhuma hesitação, as
    águas pútridas que vêm à tona;

    É criar um clarão vazio na imensa floresta.”

    -----------------------------------

    “A Cigarra Verde”

    "Sempre ouço o som de uma cigarra emanar
    das suas costa.
    Cri, Cri, Cri, ela faz, esfregando seus olhos.
    Enquanto se esvai a mancha dos miosótis do
    verão passado a cigarra permanece cantando
    nas suas costas. Eu também choro esfregando
    minhas asas."

    O (ator) nesse caso - aluno cursista de poesia -
    fez um comentário, após declamar a sua poesia:
    “Este poema fala de uma cigarra verde, mas pensei
    numa cigarra comum à procura de um companheiro,
    essa cigarra chora e parece que estilhaça o que resta
    do verão.
    _ me pergunto, se eu poderia faze isso:
    Viver com uma paixão semelhante à da
    Cigarra!
    “Esse pensamento me acompanha.” Concluiu o cursista.

    -----------------------------------

    “A Razão do Espinho”

    "Não tente me roubar!
    Os espinhos crescem em mim com arrepio pelo meu corpo.
    Eu me escondo atrás de um sorriso rubro, não tente me arrancar
    por causa da minha beleza.
    Um beijo em lábios vermelhos, a paixão pela pureza.
    Não me ame mais, enquanto giram as rodas das estações,
    que passam a imagem da rosa"

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